domingo, 18 de março de 2012

Quero

quero ver estrada, cheiro de mato, barulho de rio e conversas interminaveis varando a madrugada.
quero cantar com um violão, quero subir na árvore, quero forró colado.
quero sensação de ter aproveitado, quero buteco da esquina, quero te chamar pra dançar.
quero a sensação de vento no rosto, de voar no céu, quero viver sem preocupação, viver hoje.

quero meus amigos juntos, quero mais uma dose, quero mais um copo, quero a saidera.
quero tirar o dia pra ler um livro, quero ver filme abraçado, quero ver o por do sol.
quero andar descalço na rua, quero a conversa de porta com os vizinhos, quero andar a cavalo,
quero sentar pra ouvir aquele disco antigo, quero aquele macarrão, o melhor, aquele da larica da madrugada.

quero o sorriso daquela que tem meu coração, quero o seu abraço de conforto, quero seus lábios quentes.
quero dormir na rede, quero não ter horário pra acordar. quero não ter horário pra dormir. quero acampar.
quero deitar e meditar, quero tomar banho de chuva, quero recitar poesia, quero ouvir tambor.
quero telepatia, quero poder conversar sem pressa, poder contar história, quero menos violência, quero amor.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Aborto.

Oi todo mundo (:
Mantendo os assuntos polêmicos, hoje eu decidi falar sobre o aborto. Vou tentar ser o mais imparcial possível, mas é impossível ser totalmente neutro. De uma forma ou de outra as pessoas sempre exprimem a sua opinião.
Vi um vídeo de uma discussão na globo news (que mais parece aquelas discussões que eu tinha no 1º de faculdade) sobre o projeto do novo código penal. O link tá aqui.

Não ficou muito claro as novas ideias dessa comissão pelo vídeo, mas eu dei uma olhada por aqui e achei:


Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque.
Pena - Detenção, de um a nove meses. (...)


Exclusão de ilicitude
Art. 128. Não constitui crime o aborto praticado por médico se:
I - não há outro meio de salvar a vida ou preservar a saúde da gestante;
II - a gravidez resulta de violação da liberdade sexual, ou do emprego não
consentido de técnica de reprodução assistida;
III - há fundada probabilidade, atestada por dois outros médicos, de o nascituro
apresentar graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais.
§ 1º. Nos casos dos incisos II e III, e da segunda parte do inciso I, o aborto deve
ser precedido de consentimento da gestante, ou quando menor, incapaz ou
impossibilitada de consentir, de seu representante legal, do cônjuge ou de seu
companheiro;
§ 2º. No caso do inciso III, o aborto depende, também, da não oposição
justificada do cônjuge ou companheiro.



Pra galera que não é do direito ou tá com preguiça de ler o artigo: o aborto continuará sendo crime, mas existem certas "exceções" que fazem com que o crime "não aconteça" (as chamadas excludentes de ilicitude).
Talvez essa versão do anteprojeto não esteja atualizada e por isso sem a condição "psicológica" que o vídeo descreve.

Eu acho essa condição de "fragilidade psicológica" e de "incapacidade de se criar uma criança" uma condição muito frágil de se provar, tanto juridicamente quanto cientificamente, mas eu concordo com a sua implementação, como eu concordo com todas as mudanças.
Eu sou contra o aborto, eu nunca mandaria uma mulher abortar um feto meu e nem abortaria, se fosse mulher. Mas eu acredito que as pessoas não devem ser penalizadas por uma criança, que deveria ser um motivo de alegria e não de sofrimento. Porém eu não acredito numa descriminalização aberta sobre a questão do aborto por não acreditar que nossa sociedade esteja preparada para isso.

Por mais que você diga que temos a "opção de escolher", é ingênuo o pensamento de que todos tem condições de fazer o mesmo. Muitas pessoas simplesmente abortariam por medo, desespero e também deixariam de usar métodos contraceptivos. Não estou falando de você, mas sim daquela garota/garoto que não tem instrução nem educação familiar e que não se importa muito com o uso de pilulas, diafragmas, muito menos camisinhas.

Eu considero muito fraco o argumento de "o aborto deveria ser liberado porque muitas pessoas já fazem abortos ilegais e essa não é uma questão criminal, e sim de saúde pública". Logicamente isso realmente acontece, o aborto é sim uma questão de saúde pública. Mas não deixa de ser uma questão de ordenamento social, de tutela do Estado sobre as decisões das pessoas, e por isso é uma questão criminal. Se fosse pensar por esse lado não é muito longe pensar que deveriamos descriminalizar, com as devidas proporções obviamente, o tráfico de drogas já que muitas pessoas traficam. Só porque os crimes acontecem e não são devidamente punidos não é razão para acreditarmos que eles não são mais crimes ou são menos graves. O aborto não é um método contraceptivo e nem deveria ser uma escolha entre sim ou não, de vontade de ter um filho ou não. O aborto deveria ser uma última barreira contra o sofrimento de uma mãe em dar à luz a um filho que não tem condições de sobreviver ou o sofrimento de uma mãe e de uma família que não tem as minimas condições psiquiatricas, sociais e fisiológicas de criar uma criança.

Somente um ponto do anteprojeto, nessa parte do aborto, me preocupa: quais são os critérios que vão definir que "e o nascituro apresenta graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais." ou que a mãe não tem condições "sociais" de ser uma mãe ? Temo que esse termo seja abrangente demais e que dê possibilidade para uma eugenia, um selecionamento dos mais preparados, uma "purificação" na nossa sociedade. Então se ficar constatado que meu feto não possui uma das pernas ou que tem síndrome de down eu posso abortar ? O que é "ser perfeito" ? Se ficar constatado que tal mulher é "socialmente instável" por ser uma prostituta ou uma usuária de drogas, ou até mesmo somente miserável, ela pode abortar pra nos livrar de mais um "miserável" ? É importante a consciência e o bom uso dessas duas excludentes.

Enfim, gostaria de falar que sonho em ver um dia esse tipo de discussão fugir do pensamento religioso, da moral, e ir pro caminho do bom-senso, da convivência com tolerância como todos. E quando falo da moral não estou falando somente da pressão de muitos cristãos pela supressão clara de garantias fundamentais como a liberdade, mas também a intolerância que muitos ateus, agnósticos e não-cristãos em geral pela supressão de garantias fundamentais como a liberdade de pensamento e de expressão e o direito de associação com fins pacíficos. Todos tem o direito a discussão e argumentação, sejam seus critérios científicos ou puramente tradicionais, puramente "divinos". As vezes falta respeito com as opiniões adversas.

No mais, espero que a aprovação do projeto seja rápida, já que me parece realmente fundado e não apenas "aspirações" de movimentos "sociais" que nem sempre representam pensamentos comuns da sociedade. Abraço e até mais.

domingo, 11 de março de 2012

Era uma vez, existia um garoto estúpido que vivia sua vida estúpida.
Até que ele encontrou uma garota.
Ele era tão estúpido que ele pensou que era feliz. E ela fez com que ele pensasse que era verdade.
Ele a amou tanto que a amou mais do que ele mesmo. Mas ela não o amou tanto.
E nessa hora o garoto estúpido perdeu seu coração pra sempre.
Porque, tristemente, ele jogou o coração dele fora.

(De algum amigo que pensa que não sabe, mas escreve)

sábado, 10 de março de 2012

No céu. Com Diamantes.

tento te esquecer, tento não lembrar aquele abraço cheio de calor,
esquecer o cheiro bom da sua pele, o sabor doce de seus lábios.
esquecer que você encaixava perfeitamente entre meus braços.
que você encaixava perfeitamente no meu coração.
ainda me lembro daquela sensação de flutuar por nuvens de algodão doce que nós dois curtíamos.
lembro como nos curtíamos.

e nada me faz passar aqueles dias que vivemos juntos.
porque aqueles dias foram melhores.
porque eu era melhor quando tava do seu lado.
e a única preocupação era quando seria o próximo encontro.
céus de marmelada e árvores de tangerina.

então vamos nos ver novamente, ouvir um bom cd de um daqueles malucos da tropicália, daqueles 4 caras de liverpool. esquecer tudo que foi ruim, só lembrar das coisas boas.
beber uma cerveja, fumar um cigarro, discutir política, descobrir o sentido da vida, talvez curtir alguma coisa a mais.
só não me deixe aqui, só.
só não me deixe sonhando com aqueles olhos de caleidoscópio que eu não consigo apagar da minha cabeça.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Mendigos são pessoas iguais a você.

E ai, beleza ? Tem muito tempo que eu não posto nada aqui que não seja melacuequice, mas eu juro que esse blog não tem intenção só disso. Acho que é mais porque é trabalhoso escrever textos grandes e tal. Mas hoje deu vontade, então aqui estou.

Eu tô mais ou menos 1 mês com esse assunto engavetado na minha cabeça, mas eu não escrevi tanto por preguiça quanto por tamanha aversão a esse tipo de polêmica. Eu quero falar sobre essas recentes (e outras nem tanto) agressões a mendigos, moradores de rua e outras pessoas de um modo geral (sim, moradores de rua são pessoas, apesar de muita gente achar que não).

Nós nos deparamos com esse tipo de violência cada vez mais frequentemente. Pelo o que eu lembro, só em fevereiro foram noticiados um quatro casos pela grande imprensa.Você pode argumentar que tais casos são esporádicos, isolados e que eu só estou escrevendo esse texto porque sou influenciado por esses casos televisionados. Mas é só olhar um pouco lá fora que você vai ver que as coisas estão piorando.

A coisa tá ficando feia, as pessoas tão ficando cada vez mais xenófobas, intolerantes, ou simplesmente sem-noção mesmo. Culpe a crise econômica, culpe a queda da instituição família, culpe o capitalismo, culpe até mesmo o apocalipse eminente dia 21/12/2012, mas não negue que as pessoas estão frias, calculistas e cruéis. Uma pessoa que reúne um grupo de amigos pra colocar fogo numa pessoa que dorme numa praça não tem a minima consciência de que não tá colocando fogo num pedaço de papel, nem mesmo num animal (o que já seria crueldade, mas "menos cruel", se é que isso existe), mas sim num semelhante, num ser pensante, que tem metas de vida, que tem uma história e talvez até mesmo pessoas que a ama.

Acredito que as pesssoas hoje em dia não se importam se as outras pessoas existem ou não. Não importam se a pessoa que elas estão batendo, com seus grupinhos na maioria das vezes de classe média, é tão importante quanto elas. Perdemos a consciência que o ser humano é importante. Um exemplo disso é que existem mais repercussão quando um animal é morto, abandonado, etc. do que quando uma criança é morta, abandonada, passa fome, etc. Nada contra os animas (adoro cachorrinhos, juro), mas as pessoas estão descrentes na capacidade das pessoas de serem únicas, relevantes, de serem insubstituíveis. Acham que os problemas das pessoas, de falta de moradia, alimentação adequada, tratamento de saúde, entre tanto outros, são problemas de um Estado ou são problemas dos outros e não delas. "Cada um que viva a sua vida e se você não consegue ser "bem sucedido" com ela, que morra. Eu não preciso te ajudar, isso não muda nada na minha vida"

Pois é. Não vai influenciar muita coisa na sua vida você ajudar ou não alguém (menos praqueles que aliviam sua consciência ajudando os outros, que é rídiculo, mas é assunto pra outro post), mas você deve fazer isso simplesmente por ser a coisa mais lógica a se fazer quando você é criado pra viver em sociedade, pra fazer parte de um todo que se ajuda solidariamente.

Um sinal que não somos mais condicionados a isso pela nossa principal instituição, a família (que está em queda livre), é que quando alguém tenta ajudar, ele se torna um herói. Um exemplo é um rapaz (não sei o nome, nem tô com vontade de procurar) que evitou que uma pessoa fosse espancada numa praia do rio, no começo de fevereiro. Ele se ferrou bonito, quase morreu, teve ossos quebrados, teve que fazer cirurgias reconstrutivas e tal e, o mais letal, foi chamado de herói. Ele não é um herói. É só uma pessoa que fez o seu papel, lindamente é digno dizer, mas apenas seus papel como membro de uma sociedade que deveria pelo menos procurar satisfazer dentro de si mesma as suas necessidades. Se alguém é violento com outro alguém, é necessário alguém intervir, e esse é o papel daquela pessoa, não é uma coisa extraordinária. Se você não faz isso, você tá é em defícit, e se você faz, tá pagando uma "dívida social" (gosto muito dessa expressão).

"Tá, nicolas, mas qual é a solução ?" Primeiro: Não acredite em gente que dê solução pras coisas. Eu não tenho a minima ideia de como a gente pode se tornar pessoas melhores e aptas a viver numa comunidade que não seja como a nossa, onde pessoas morrem em condições estupidas simplesmente porque "não temos tempo" pra ajuda-las de alguma forma, mas temos tempo pro chat do facebook. Segundo: Mesmo que eu tivesse todas as soluções dentro da minha cabeça, eu não falaria. Porque eu não escrevo esse blog pra sentar num trono e falar pra todo mundo o que eles deveriam fazer pro mundo ser melhor. Eu não acredito que o mundo deveria ser assim, onde apenas poucos falam pra muito quais são os melhores caminhos, mesmo que esses poucos sejam os melhores. Eu acredito num mundo onde todos sejam pessoas pensantes, pessoas conscientes de seu papel social, não somente por um dia da semana (ou do ano) escolhido pra distribuir brinquedo na creche ou ligando pro criança esperança, mas sim 24 horas por dia e 7 dias por semana, 365 dias por ano (e 366 esse ano, que é bissexto).

Acredito que se todo mundo tiver a consciência de que a pessoa que tá na rua é tão importante quanto você nessa engrenagem social que vivemos, o mundo vai ser melhor. Talvez ela não tenha o seu QI, talvez ela não fale nem português direito, muito menos é fluente em alemão, mas ela é importante sim. Ela tem uma experiência de vida que você nunca teve e nunca terá, ela conhece coisas que você nunca viu, e sequer sabe o que é. Ela sabe fazer coisas que você não tem a minima habilidade pra fazer. Então se eu posso dar um conselho, é: desce desse salto alto, abaixa um pouco o vidro do carro e aprenda mais com as outras pessoas, sejam elas quem sejam. você não é o melhorzão não. É só mais uma peça de um quebra cabeça onde todas as peças são igualmente relevantes.