sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O que é, o que é

O amor pra alguns parece tão fácil,
mas poucos vão descobrir que ele é, realmente, raro.

Vai além de borboletas no estômago e um inverno polar na espinha.
Passa por uma vontade de estar sempre junto, mas chega-se além disso.
Vai além de beijos molhados ou abraços quentes.
É a persistência, é o trabalho de encontrar o outro - e eu não estou falando de lugares - e se encontrar.

Amor pra mim é olhar no fundo daqueles olhos e me sentir em paz.
É o jeito que fico com um sorriso bobo no rosto, e nem percebo, só de falar dela.
É a confiança de ter alguém pra estar ao seu lado, chorando por besteiras ou rindo das mesmas.
Sinceridade de não ter medo do outro, de aprender a nos lermos e não necessitarmos mais nem de palavras.
A sensação de que, havendo o que houver, aquele sentimento, aquela atitude, nós, somos pra sempre.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Refúgio

"ela é minha menina, e eu sou o menino dela".
e não há nada que me tire mais do chão do que ver, nesse dias, o sorriso dela em estar ao meu lado.
e eu imagino que ela também veja o meu sorriso como o refúgio necessário em tempos de deserto.

me conforta te ter como porto seguro e, ao mesmo tempo, você ser um mar inteiro nunca antes navegado.
cada dia se mostra mais companheiro, mais amoroso, mais precioso, mais importante no meu coração, o tempo que passo contigo.
e nunca conseguirei, nem com muita tentativa e erro, apagar todo o amor que você já gravou no meu coração.

já não sei mais como posso tirar de mim esse amor todo,
como poderia esquecer seu sorriso, como esquecer teu carinho,
como esquecer o jeito que você cuida de mim até mesmo quando não está cuidando de mim.
nunca vi e nem vivi um amor assim, tão calmo, tão certo, tão amoroso e tão cuidadoso.
e já não sei mais como ficar longe de você. já não consigo, e nem quero, te separar de mim.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

E agora ?

Acordei num dia nublado, num mau-humor que persiste há dias e a tudo.
Acordei na ociosidade de somente olhar pela minha janela e ver que, mesmo que o sol nasça, isso não torna minha vida mais clara. 
Acordo sem expectativas, sem saber o que fazer depois de levantar, no que existir.
Acordei com um ar de “E agora José”.
Acordei do sono, acordei de mim.
Acordei do sonho que estava vivendo, um sonho sem responsabilidades, onde só havia amigos num barzinho batendo papo num final de semana, esperando a segunda chegar, pra então voltarmos a não fazer nada.
Acordei preocupada, acordei com a verdadeira obrigação de viver por mim, ser eu, caminhar com meus próprios pés, tê-los no chão.
Acordei do verão que vivia, da eterna distração, do eterno recreio.
Acordei da falsa preocupação com os mínimos deveres de ser, ainda, infantil.

Sonho. Foi só um sonho.
Acordei tarde, no entanto acordei. Ao menos acordei. Mas e agora?
“E agora José?"



Feito a quatro mãos com a Naomi :)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Rebanho


Hoje eu vi um ônibus que bem  parecia um caminhão de abate.
Mas talvez seja ainda pior,
um caminhão de um abate diário, contínuo, com carteira assinada, férias de 30 dias e 13 salários.
Será pior que um abate repentino e imediato ? Ou simplesmente menos assustador ? Mais doloroso.
Uma viagem de quase 3 reais rumo a um frigorifico qualquer.

Trabalhadores numa terça de manhã, 
atravessando a rua como uma revoada de pombos.
Seus rostos meio pretos, metade de um número inteiro de negros,
refletindo os poucos raios de luz,
refletindo o sono de quem ganha o dia antes mesmo dele nascer,
refletindo a esperança de que dias melhores virão, ainda é terça!
refletindo o desespero de que tudo pode ainda piorar, ainda é terça...
refletindo o desapontamento e a ansiedade de ainda ser terça.

Na cara bovina de cada um é palpável que a escravidão, em
outra figura, é ainda reinante, que nenhum deles trabalha pelo o que realmente valem.
É real que se sacrificar, sono e sonhos (literalmente), é  necessário pra sobreviver, e que, enquanto assim for, nenhum trabalhador é realmente livre.
É avassalador o reconhecimento tácito, do analfabeto ao doutor, que todos são peças da mesma engrenagem, são todos gado do mesmo rebanho.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Carnavalizar

Se engana quem pensa no carnaval como somente aqueles dias que caem em fevereiro ou março e que terminam numa quarta-feira de cinzas.
Se o carnaval fosse apenas uma data no calendário, que chega e vai embora, o ano seria uma grande poça de tristeza (não que não seja, enfim).
O carnaval é possível sempre.

O carnaval, no fundo no fundo, é tocar um grande foda-se. E isso pode acontecer o dia que se bem entender.
Carnavalizar sua vida é se jogar sempre, não interessa se amanhã será segunda-feira ou não.
"Amanhã tudo volta ao normal", mas só amanhã mesmo.

É dia de sair despido, literalmente ou não. Despido dos preconceitos, dos problemas e da amargura que guardamos todos os dias no fundo do peito.
Dia de sermos todos iguais, porteiros e engravatados.
Dia de sermos felizes em nos divertimos com tão pouco, com nós mesmos.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

do poeta pobre

escrevo por um pedaço de pão.
por um copo de cerveja no final de semana pra aliviar a dor,
por um punhado de fumo pra ir me matando aos poucos.
já penso em fazer um letreiro e pendurar por aí: "vende-se poesia ou troca-se por bicicleta".

escrevo só pra ter um teto, de lona, papelão, uma televisão de tubo, uma cama e pronto, tá ótimo.
não escrevo pro leitor.
o leitor não anda merecendo ultimamente.

não sou o paulo coelho, livro nenhum meu vai estar na seção de mais vendidos.
talvez nem em livraria apareça. nem em sebo. banca de jornal.
nem em cordel de quermesse. nem mesmo em banca de camelô.

não me importo com a crítica, faço é me envergonhar com aplausos.
eu gosto mesmo é de jogar pra fora tudo o que sinto e saber que ainda tem gente que não me acha tão maluco assim.
sou poeta pra morrer pobre,
nasci pra escrever, não nasci pra ser patrão.

domingo, 6 de outubro de 2013

Necessidade

Pensando agora comigo, acho que descobri o quanto te amo.
Te amo além das minhas fraquezas,
além dos meus orgulhos, das minhas pretensões megalomaníacas.
Te amo além das minhas vontades efêmeras e dos meus sonhos singelos.

Porque te amo hoje, e meu hoje finalmente me basta.
Pro futuro só deixo as dúvidas, os planos e a sorte.
O teu amor não deixo pra depois, ajo agora, como se fosse uma necessidade.

Te amar se faz necessário.
E é tão bom, a paz que sinto quanto estou em seu colo é tão verdadeira.
O que tenho por você vai além de qualquer vontade, qualquer facilidade.
Hoje sinto que a necessidade que tenho em te amar me basta.