domingo, 1 de dezembro de 2013

Refúgio

"ela é minha menina, e eu sou o menino dela".
e não há nada que me tire mais do chão do que ver, nesse dias, o sorriso dela em estar ao meu lado.
e eu imagino que ela também veja o meu sorriso como o refúgio necessário em tempos de deserto.

me conforta te ter como porto seguro e, ao mesmo tempo, você ser um mar inteiro nunca antes navegado.
cada dia se mostra mais companheiro, mais amoroso, mais precioso, mais importante no meu coração, o tempo que passo contigo.
e nunca conseguirei, nem com muita tentativa e erro, apagar todo o amor que você já gravou no meu coração.

já não sei mais como posso tirar de mim esse amor todo,
como poderia esquecer seu sorriso, como esquecer teu carinho,
como esquecer o jeito que você cuida de mim até mesmo quando não está cuidando de mim.
nunca vi e nem vivi um amor assim, tão calmo, tão certo, tão amoroso e tão cuidadoso.
e já não sei mais como ficar longe de você. já não consigo, e nem quero, te separar de mim.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

E agora ?

Acordei num dia nublado, num mau-humor que persiste há dias e a tudo.
Acordei na ociosidade de somente olhar pela minha janela e ver que, mesmo que o sol nasça, isso não torna minha vida mais clara. 
Acordo sem expectativas, sem saber o que fazer depois de levantar, no que existir.
Acordei com um ar de “E agora José”.
Acordei do sono, acordei de mim.
Acordei do sonho que estava vivendo, um sonho sem responsabilidades, onde só havia amigos num barzinho batendo papo num final de semana, esperando a segunda chegar, pra então voltarmos a não fazer nada.
Acordei preocupada, acordei com a verdadeira obrigação de viver por mim, ser eu, caminhar com meus próprios pés, tê-los no chão.
Acordei do verão que vivia, da eterna distração, do eterno recreio.
Acordei da falsa preocupação com os mínimos deveres de ser, ainda, infantil.

Sonho. Foi só um sonho.
Acordei tarde, no entanto acordei. Ao menos acordei. Mas e agora?
“E agora José?"



Feito a quatro mãos com a Naomi :)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Rebanho


Hoje eu vi um ônibus que bem  parecia um caminhão de abate.
Mas talvez seja ainda pior,
um caminhão de um abate diário, contínuo, com carteira assinada, férias de 30 dias e 13 salários.
Será pior que um abate repentino e imediato ? Ou simplesmente menos assustador ? Mais doloroso.
Uma viagem de quase 3 reais rumo a um frigorifico qualquer.

Trabalhadores numa terça de manhã, 
atravessando a rua como uma revoada de pombos.
Seus rostos meio pretos, metade de um número inteiro de negros,
refletindo os poucos raios de luz,
refletindo o sono de quem ganha o dia antes mesmo dele nascer,
refletindo a esperança de que dias melhores virão, ainda é terça!
refletindo o desespero de que tudo pode ainda piorar, ainda é terça...
refletindo o desapontamento e a ansiedade de ainda ser terça.

Na cara bovina de cada um é palpável que a escravidão, em
outra figura, é ainda reinante, que nenhum deles trabalha pelo o que realmente valem.
É real que se sacrificar, sono e sonhos (literalmente), é  necessário pra sobreviver, e que, enquanto assim for, nenhum trabalhador é realmente livre.
É avassalador o reconhecimento tácito, do analfabeto ao doutor, que todos são peças da mesma engrenagem, são todos gado do mesmo rebanho.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Carnavalizar

Se engana quem pensa no carnaval como somente aqueles dias que caem em fevereiro ou março e que terminam numa quarta-feira de cinzas.
Se o carnaval fosse apenas uma data no calendário, que chega e vai embora, o ano seria uma grande poça de tristeza (não que não seja, enfim).
O carnaval é possível sempre.

O carnaval, no fundo no fundo, é tocar um grande foda-se. E isso pode acontecer o dia que se bem entender.
Carnavalizar sua vida é se jogar sempre, não interessa se amanhã será segunda-feira ou não.
"Amanhã tudo volta ao normal", mas só amanhã mesmo.

É dia de sair despido, literalmente ou não. Despido dos preconceitos, dos problemas e da amargura que guardamos todos os dias no fundo do peito.
Dia de sermos todos iguais, porteiros e engravatados.
Dia de sermos felizes em nos divertimos com tão pouco, com nós mesmos.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

do poeta pobre

escrevo por um pedaço de pão.
por um copo de cerveja no final de semana pra aliviar a dor,
por um punhado de fumo pra ir me matando aos poucos.
já penso em fazer um letreiro e pendurar por aí: "vende-se poesia ou troca-se por bicicleta".

escrevo só pra ter um teto, de lona, papelão, uma televisão de tubo, uma cama e pronto, tá ótimo.
não escrevo pro leitor.
o leitor não anda merecendo ultimamente.

não sou o paulo coelho, livro nenhum meu vai estar na seção de mais vendidos.
talvez nem em livraria apareça. nem em sebo. banca de jornal.
nem em cordel de quermesse. nem mesmo em banca de camelô.

não me importo com a crítica, faço é me envergonhar com aplausos.
eu gosto mesmo é de jogar pra fora tudo o que sinto e saber que ainda tem gente que não me acha tão maluco assim.
sou poeta pra morrer pobre,
nasci pra escrever, não nasci pra ser patrão.

domingo, 6 de outubro de 2013

Necessidade

Pensando agora comigo, acho que descobri o quanto te amo.
Te amo além das minhas fraquezas,
além dos meus orgulhos, das minhas pretensões megalomaníacas.
Te amo além das minhas vontades efêmeras e dos meus sonhos singelos.

Porque te amo hoje, e meu hoje finalmente me basta.
Pro futuro só deixo as dúvidas, os planos e a sorte.
O teu amor não deixo pra depois, ajo agora, como se fosse uma necessidade.

Te amar se faz necessário.
E é tão bom, a paz que sinto quanto estou em seu colo é tão verdadeira.
O que tenho por você vai além de qualquer vontade, qualquer facilidade.
Hoje sinto que a necessidade que tenho em te amar me basta.

sábado, 14 de setembro de 2013

Mendigo Passional

Feito um vira lata, caminho a esmo,
sem dinheiro no bolso, sem lenço e nem documento, sem plano e destino.
Aproveitando cada momento como se a ideia amanhã fosse distante demais.
Vivendo amores descartáveis, jogando fora cada esperança de "pra sempre".

Mendigo passional, faço meu abrigo em qualquer coração abandonado.
Me alimento dos restos das ilusões que jogam no lixo.
Invisível, me jogo no mundo, andarilho sentimental.
Na expectativa de um dia dar cabo da minha própria vida em uma esquina qualquer de um amor não correspondido.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Odeio te amar

Deixei de lado essa papo maldito de "eu não te amo mais".
Mal você sabe que quando se ama uma vez nunca mais se deixa de amar.

Quando eu estiver na minha minivan, com três moleques no banco de trás, e a nossa música tocar no rádio, eu ainda vou me emocionar.
De você, e das outras também, eu nunca esqueci. De amar, nunca deixei ninguém pra trás.

Se amo quem hoje segura a minha mão, também te amo, nem mais, nem menos, apenas de outro modo. Amo todas vocês, e sempre vou amar.
Mal você sabe que amor é mais do que um sentimento passageiro, que é, além de tudo, um compromisso de sermos, pra sempre, parte um do outro.

Mas não se ofenda, amor: se eu te encontrar numa rua qualquer e meu coração não palpitar, não me leve a mal.
Eu te amo, mas ainda não deixei de te odiar.


Feito a quatro mãos ;)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Memórias

Se eu não sou bom demais pra ser seu amigo, é só dizer.
Eu fecho aquela porta, recolho suas coisas, coloco em uma caixa. Tantas coisas, então arrumo em duas. E guardo, um dia você volta.
Volta talvez machucada, talvez volta revigorada, melhor do que eu. Mas eu sei que alguns caminhos não se desfazem tão facilmente.
Eu fecho aquela porta com medo, mas com a decisão de que na minha vida ou algo é quente ou é frio, morno não.

Na sua caixa tem milhares de fotografias.
São tantas coisas, são momentos doces, momentos amargos, momentos em que o desespero era forte e momentos em que a alegria parecia que nunca ia terminar.
Eu lembro de tudo, me embarga a voz, parece que me desce vidro pela garganta. Choro. Não de arrependimento, mas acho que o nome é saudade.
Saudade de quando eramos inocentes o bastante pra não nos preocuparmos com o que existe de mentiroso no mundo, mas só com a próxima festa.

Tudo isso passou. Tudo isso borrou. O que surge hoje é só a obrigação, só a cobrança, só a indiferença, só o desleixo. Então eu não preciso.
Eu não preciso que alguém se sinta meu amigo porque algum dia possa precisar. Eu não preciso que se sinta sacrificada por mim.
Se é pra alguém ser sacrificado, que seja eu. Eu não quero mais.

Me disseram que tenho um coração de ouro, um dia desses pra trás.
Não sei concordo. Hoje é tão pesado, parece de chumbo.
Hoje parece que tudo o que faço ecoa demais em um vazio, onde o que todos pensam é que eu não sou o bastante.
Onde o que todos pensam é que meus erros são maiores que meus acertos, que meus meio-abraços fazem parte do passado, não podem conviver com o futuro.
Onde eu sou ultrapassado demais, temperamental demais, chato demais, amoroso demais, ciumento demais, como se nunca antes tivesse sido assim, ou pior.
Hoje eu só falo em reticências, hoje eu não tenho grandes certezas.Hoje eu me entrego à solidão com facilidade, confio em poucos, conta-se todos em uma só mão.
Hoje parece que existe um vazio aqui, que dói no meu "grande" coração. Grande de vazio. Sinto as suas faltas.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Amor

"Põe um pouco de amor numa cadência."
Tenta por um pouco de amor na vida, tempere no seu dia a dia.
Põe amor na maneira como se age, como se fala, como se reage, como se pensa,
como se convive com o mundo ao seu redor.
Põe um pouco de amor nos seus sonhos, nos seus anseios do fundo do peito,
põe no seu sorriso, põe na inocência, põe na perseverança, no espírito.
Abre-se o coração com amor, experimente, que tudo fica mais leve.

Afinal, de que adiantaria carregar todos os fardos que somos obrigados a carregar,
se não fosse pra se alegrar nas pequenas coisas, nos pequenos atos,
nas atitudes mais singelas, nas conversas mais ingênuas ?
De que adiantaria todo o amargor desses dias malucos, onde tudo parece estar de ponta cabeça ?
Tudo só vale porque no fim do meu túnel tem uma luz. Tem amor.

É de amor e por ele que se acorda todos os dias.
É amor aquela felicidade de encontrar amigos de longa data, como também é amor fazer novos laços.
É de amor a tal paz em se completar com momentos simples, com singeleza de coração. Se ama na capacidade de não complicar.
É muito amor ser capaz de perdoar erros, mas não esquece-los, por bem do mesmo amor.
É amor demais saber que amanhã tudo vai continuar sendo ainda mais lindo, vai continuar sendo tudo amor, mesmo que diferente. E de amor em amor vamos construindo uma vida de verdadeira beleza.
É amor, múltiplo, infinito, gritante, amor sincero, e de tanto amor já se basta.
É o amor que dá a todas as poesias ponto final.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Verdadeiro Malandro

"Fui fazer um samba em homenagem à nata da malandragem", mas desanimei.
Tudo que vejo é gente que não sabe realmente o que isso significa.

Malandragem não tá no fundo de um copo, muito menos na ponta de um cigarro.
Malandragem não tá no aro do seu carro, muito menos na trajetória de uma bala de 38.
Malandro de verdade é quem pega ônibus de manhã, quando o sol mal nasceu,
mas não pra chegar em casa, mas já saindo pro trabalho.
Malandragem é correr atrás, malandragem é nunca parar, é colocar comida em casa.
Malandro de verdade é o porteiro do seu prédio, é a empregada da sua casa. Ouça-os.

Malandragem é registrar o seu moleque, e ter orgulho de ver o seu nome na certidão.
Malandragem de verdade é chegar, do lado da sua velha, aos 80. É ter alguém, um dia, tatuado no coração, pra sempre.
Malandragem é se reiventar, deixar pra trás vícios, hábitos, pessoas, e caminhar pra frente.
Malandragem é não precisar de muito, mas ao mesmo tempo não se acomodar com o que tem.
É respeitar os pais, é ensinar os filhos. É ter um lugar pra chamar de lar.
Malandragem é saber segurar a sua onda, mesmo que você ainda sinta necessidade de extravasar centenas de desejos.

Em meio aos "funks da ostentação", esse sou eu buscando iluminação.
Quero ser leve o bastante pra um dia aprender a voar.
Decolar toda manhã, me sentir mais e mais parte desse mundo, me transformar.
Quero ter a fluidez de poder caminhar por qualquer lugar, rico ou pobre.
Quero a paz de não precisar de nada pra viver, além de mim. Certeza de que sempre vou ser feliz.
Malandragem é se conhecer, é poder fazer o que quiser, mas mesmo assim às vezes não fazer.
Por consciência, por respeito, por sonhar com um futuro. Quero ser malandro em sempre tentar ser melhor.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Tangente

É de um amigo, mas poderia ser tão meu.



"Às vezes me pego sonhando acordado com a imagem, recorrente, da penumbra de lençóis e corpos no meio da madrugada. Assim eu reconheço, sem muita visão, no entrelaçar terno e morno de pernas e braços, a epifania personificada, encarnada, endeusada - e porquê não, amada - em cabelos longos com perfume de Phebo.

Lá, parada, firmando as vistas contra a minha.

Enfim.

Quase imperceptível na pouca luz do quarto, no brilho excessivo daqueles olhos entreabertos. Dentro deles, o reflexo do meu sorriso, duplicado nas suas pupilas dilatadas.

Enfim!

Então digo pra mim mesmo, apesar de cotidiano, que aquele é o momento que eu mais aguardei em toda a minha vida, enquanto volto mais uma vez a atenção para o reflexo, pra ter a certeza de que sou eu quem lhe fez, hoje, ontem e os dias anteriores a ontem, cerrar os olhos pela metade e, por alguns breves momentos, não conseguir fazer nada além de observar as figuras que formam na parede escura das luzes vindas da janela.

A realidade também não é ruim. você transparece ser feliz daí, e eu ao longo do tempo aprendi a fingir bem, daqui. A vida segue pros dois, acomodados com a idéia de nunca atingir a tangente.

Mas às vezes, nos dias mais penosos, recorro à uns goles do rum barato que meu avô costumava comprar, o maço escaço e amaçado de malboro, e aquela imagem, recorrente, da penumbra de lençóis e corpos no meio da madrugada. "



Ps.: O título é meu.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Amargor

Falas de amor com ardor,
falas com a boca cheia;
Mas tudo parece ser baseado apenas no seu supor,
Ideia real do que é, não tens meia.

Deveria haver alguma lei, se não na terra, então no céu,
que te proibisse de citar o nome do Deus Amor em vão.
Enche a boca de mel,
mas é um amor vazio, que se restringe a corpos, hormônios, sem qualquer ação.

Se pudesse, te proibiria de falar de amor,
você não conhece o seu real significado;
Da boca pra fora amor é uma palavra banal que só rima com dor,
E de prova tenho meu amargor, meu peito, ainda não tão assim cicatrizado.

Pode falar de vontade, de paixão, de que alguém deseja,
mas enquanto não aprenderes a alegria de se amar nos momentos tristes, enquanto não souberes engolir o orgulho e pedir perdão, 
se continuas a maltratar as pessoas que te amam, enquanto nelas pisar como pisas no mais imundo chão,
ainda vou desconfiar do seu real intento, ainda vou ter pena da boca que te beija.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Noites Cariocas II

Você foi a minha musa nessa roda, por duas ou três músicas, sei lá, muito bêbado pra lembrar.
Mas me encantou e me inspirou pra escrever sobre a gente daí. Seu nome eu não sei, ou "uísqueci". Não faz diferença, vou falar do que lembro e vi.

Começa por fora, no dourado da pele, naquela curva da cintura, parece que a pele exala a felicidade da praia estar sempre ali, cheiro de sal e a textura da areia.
Cabelos, ao vento. Pra quê se preocupar com cor, com estar ou não seguindo um padrão. É linda sendo você mesma.
Mas nem é beleza só de fora.

Como tudo, depois se interioriza. Personalidade linda, energia sempre positiva.
Sorriso que transparece sinceridade, felicidade, tranquilidade. Que desnuda a sua alma e lava a dos que te olham, hipnotizados.
Cabeça clara, mente aberta, sem medo do amanhã. É visível pelo seu modo de conversar.
Maravilhei-me pela sua abertura comigo, que não sou tão carioca assim, mas tento.
E ainda tem aquele sotaque, ai. O sotaque sempre me pega.


Acho que sou um pouco carioca de alma, de samba, de ter o pé no chão e a cabeça nas nuvens.
Sou inteiramente carioca de saudade, de um coração que pulsa por esse canto de Brasil.
Sou de alma, inteira, que dói quando demora chegar aí. E que dói, mais ainda, de vontade de ficar.
E de ficar em ficar, aí sempre estou.
Talvez um dia nossos caminhos se cruzem e de musa inspiradora por três músicas, você seja de uma roda de samba inteira. Quiçá da vida. Uma carioca pra chamar de minha.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Brasileiro

Como todo brasileiro, sou assim, preto, cafuzo, mameluco, criolo, cabelo que dizem ser ruim, mas pra mim é o meu, é o lindo.
De um sorriso que mostra cada estado do Brasil, cada recanto, cada fim de mundo.
E no sangue o sofrimento, o banzo de cada escravo e a resiliência de cada senhor branco.

Sou filho daquela língua doce, do português que se influencia rapidamente, do sotaque goiano, daqueles que dizem porrrta.
Mulato, sou do batuque, sou o carnaval, o bumba meu boi, a quadrilha, sou parte dessa felicidade em celebrar a vida.
Sou aquele da camisa amarela com 5 estrelas, sou desses que não sente "falta", sente é saudade mesmo, daquela que arde.

Olho pro alto, e com o peito cheio de orgulho: de ser brasileiro, todo, de pele, de língua, de seleção, de sonhos e mentalidade. Sou fruto daqui, luto pelo meu país, e meu coração grita por cada canto dessa terra, dessa maravilha que chamam de país e eu chamo de casa.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Fome

Quem tem fome de se ver,
liga, corre, trata a saudade como se trata um inimigo mortal.
E ainda fala, no final, que não deu tempo. Pro amor, o relógio corre.

Distância não existe, porém, se o coração bate no compasso um do outro.
Que se meça em quilômetros ou em milhas, não se faz diferença.
Às vezes eu acho que a distância, pequena, do peito pra cabeça é maior que qualquer estrada.

Falo por mim: te quero, com a fome de quem quer um abraço, ou de quem quer ir além.
Te quero como se te ver amanhã fosse te ver ano que vem, como se cada dia atrasado fosse mais uma dificuldade posta, como se cada dia sem te ver fosse um sacrifício.
Te quero hoje, agora, porque hoje você já me fez falta.

sábado, 15 de junho de 2013

Novo Ano

Hoje é meu aniversário e hoje eu ganhei um presente. Eu quase morri. Calma, o presente não foi esse.
Acidente, infortúnio, alguns até podem dizer que foi sorte de não ter acontecido algo pior. Ganhei minha vida de volta.
Por mais que eu goste de estar por aqui, goste do meu dia-a-dia, da minha família, dos meus amigos, por mais que eu ache minha vida legal e importante, ela só é importante pra mim e pros que estão por perto, no plano geral ela é tão insignificante. Se eu tivesse morrido, nada mudaria no mundo. As pessoas ainda acordariam, trabalhariam, estudariam, dormiriam, viveriam; tudo que eu sou, represento, seria transformado em poeira em dias. Um dia será assim, definitivamente.
Acho que o verdadeiro presente que eu ganhei foi a consciência leve, a humildade de saber que não importa o quanto eu planeje, não importa o quanto eu ache algo ruim ou bom, minha vida não depende de mim. Sou tão fraco que uma curva de uma estrada de terra é capaz de derrubar todas as minhas estruturas.
Nada mais tenho a fazer hoje do que agradecer por ainda estar aqui, nessa madrugada tendo a oportunidade de ver mais um nascer do sol enquanto escrevo isso. O momento é triste por um lado, a adrenalina ainda está à mil. Mas também é um momento feliz, já que eu sei que amanhã, ou melhor, ainda hoje tenho capacidade de tornar tudo diferente. Afinal, hoje é o início, pra mim, de um novo ano.

sábado, 8 de junho de 2013

Deixe-se

Se deixe parecer fraco às vezes.
Pode se liberar de toda essa imagem de invencibilidade.
Faz parte do que você é, chorar, reclamar, botar a boca no mundo, espernear no canto. Seres humanos não são frios assim como você tenta ser.
Todo mundo sabe que chega uma hora em que é melhor ficar só, pensar em tudo o que aconteceu.
Chega a hora de tomar uma cerveja sozinho naquele buteco da esquina, saber que curtir a tristeza é gostoso também.
Todo mundo sabe que é bom ser feliz sozinho, pelo menos por um tempo, porque todo mundo já se deparou com essa realidade.
Você sofre, mas sofre porque é humano. Extravase, se sinta livre para ser o que quiser nesse momento. Quem te julgar é que está errado.

Depois que o sofrimento passar, e um dia vai, sorria.
Sorria largamente, como quem enxerga o mundo como uma grande piada.
Fique leve, se livre dos esteriótipos. Sua vida quem lida é você.
Não tem como colocar preço na minha personalidade, não como tem comparar o seu sentimento de ser feliz com coisa boba. Não tem como catalogar a felicidade em sentir, simplesmente, o vento no rosto.
Pense no quanto é curto o tempo em que você pode ser feliz, quanto é rápido esse sentimento de se sentir livre. A felicidade de ser feliz consigo mesmo, e isso bastar.

sábado, 1 de junho de 2013

Navalha

O que vale mais, as palavras ou o afeto ?
Palavras são navalhas, não me canso de repetir. Abrem, rasgam, são feitas pra chegar ao fundo.
Mas se fosse feito só de palavras o mundo não existiria.
Do outro lado tem que estar o coração, a calma de consolar, a ternura necessária para curar.
As palavras cortam, o carinho cicatriza.

Só quem já levou muito tapa na cara sabe a necessidade que uma palavra forte tem em certas horas.
E posso te dizer que o que me salva é ter gente do meu lado que não me esconde de mim mesmo, não me priva do prazer de me conhecer, erros e mais erros em sequência.
É de gente que não engana, que me mostra o espelho, que eu quero ficar do lado.
Pois eu sei que quem não se atenta pras críticas, se enche muito de si mesmo, tenta viver só de ternura, chega no dia em que olha, lá de cima, pra baixo e se assusta com o tamanho da escada, sem conhecer os degraus. Anda de olhos fechados.Não constrói nada que dure.
O que te faz são as cicatrizes, as memórias, o seu passado.

É de se valorizar cada crítica, cada puxão de orelha, cada momento de reflexão, de meditação.
Porque na correria se valoriza mais os elogios corriqueiros, os abraços rasos, as lágrimas forçadas, os beijos sem história.
Mas assim não se chega em lugar nenhum, isso é tudo vaidade, é como correr atrás do vento.
Importantes são os momentos em que palavras chega doem ao serem ouvidas, momentos em que a cabeça para de girar e o coração se abre. Nesses momentos são construídos os seus valores, nesses momentos é que o alicerce de qualquer coisa que você quiser construir é formado.

Depois das navalhas, aí sim, que venham os abraços sinceros, os elogios de quem realmente observa, as lágrimas de emoção verdadeira, os beijos que contam o que as pessoas são lá dentro.
Depois da dor, vem o conforto, o abrigo, o calor do aconchego de quem sabe bater, quando é mais que necessário, mas sabe ainda mais amar quando também é.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Não Confie

http://www.youtube.com/watch?v=koWSYH5A2Xo


Não confie em ninguém com mais de 30 anos,
e muito menos em quem tem 20 e pensa como se tivesse 40.
Não confie em ninguém que sempre sai de casa com hora e dia certo pra voltar.
Não confiem em quem não tem plano de, desde já, se aposentar.

Não confie em ninguém que se orgulhe de ter um carro em pleno 2013.
Não confiem em quem viaja com a CVC. Muito menos se for pra Disney.
Não confie em quem compra roupas com preços de 3 dígitos pra cima.
Nem confiem em quem quer te convencer a tomar herbalife. Ou "investir" no telexfree.

Não confie em ninguém que nunca fala mal de si mesmo.
E muito menos em quem fala mal dos outros. Amanhã é sua vez de ser o assunto.
Não confie em quem não tem planos pro futuro, mas também em quem tem planos demais.
No mais, vale a pena, faz bem, confie :)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Eu tô bem, juro.


"Tenho ouvido muitos discos, conversado com pessoas,
caminhado o meu caminho, papo, som, dentro da noite.
E não há um amigo sequer que acredite nisso: tudo muda! E com toda a razão."

Faz muito sentido tudo, todo mundo, mudar, e eu só agradeço.
Não cabe a mim questionar as mudanças. Só cabe a mim observar, lidar com elas, e agradecer.
Agradeço todos os dias pela dádiva de poder estar aqui mais um dia e, mais ainda, cercado de gente interessante.
E não me passa pela cabeça fugir de algo, muito menos de mim. Acredite, eu tô bem.
Aprendendo a ver o mundo de todos os ângulos que ele me proporciona enxergar,
vivendo intensamente todos os momentos, sem nenhum tipo de arrependimento.

Aprendi a meu curtir, a não ter dúvidas do que eu sou,
aprendi os caminhos que eu tenho que escolher pra mim e os que eu nunca mais vou trilhar.
Não deixo mais "a vida me levar" pra lugar nenhum, eu que tenho o controle sobre mim.
Aprendi que a minha vida é viajar, é nisso que eu tenho mais vontade e prazer, mas é preciso aprender a voltar.
Aprendi que já tenho em mim, desde sempre, todas as qualidades que eu preciso pra vencer.
Não que seja qualidades brilhantes ou que sejam qualidades inúteis, mas são as minhas e eu tenho que lutar com elas.

Hoje vivo sem o maniqueísmo de certo ou errado, mas acredito que se deve balancear as causas e as consequências.
Conheci gente totalmente diferente de mim, e isso me fez mais seguro de falar o que sou, o que sou além de profissão, de religião, de ideologia, de "papel na sociedade". Falar dos meus planos, dos meus sonhos, dos meus erros.
E se parece que tudo o que eu fiz foi piorar, acho que o problema está nos olhos de quem vê.
Todo o conhecimento que tenho hoje, julgem se bom ou ruim, veio das minhas cicatrizes, veio das minhas quedas.
E aprendo a cada dia mais a deixar isso transparente.
Afinal, esconder as partes mais erradas de mim não me torna bom, apenas escondido.

Só espero ser grato. De resto, não quero ser arrogante o bastante pra negligenciar quem sempre esteve do meu lado.
Momentos bons e momentos ruins sempre acontecem, o problema nunca foi esse. Acho que o maior problema é quando nos momentos ruins tudo o que você encontra é indiferença.
É fácil contar vantagem quando o que se tem brilha, os outros elogiam, as pessoas vibram. Mas eu acho que o que separa os vencedores dos perdedores é dar valor no que se tem, quando brilha ou não. Pra mim valem o mesmo tanto. Espero dar valor a vocês sempre.

sábado, 4 de maio de 2013

Malandro


Chega sexta-feira, tira a roupa do trabalho, coloca a calça e a camisa branca, o chapéu panamá e o sapato bicolor. Não esquece a medalha de São Jorge. Benze-se e protege-se.
Vai no boteco da esquina e pede um copo daquela, a de sempre. Amigos na mesa do lado, em todas as mesas do bar, mais um trago.
A noite é longa, mais uma carteira, por favor. Onde vai terminar ? Acabou de começar, nem precisa trazer a saideira.
Anda como quem tem, de natural, a cadência certa. Não atropela a batida do cavaco.

Tem um sorriso enorme, desses que abrem qualquer coração como se fosse um abridor de lata.
Alto, pele negra como a noite no meio do mato, olhos como duas estrelas faiscando a felicidade sincera que sente.
Usa o corpo como ferramenta. Sem obsessão o deixa preparado para o que vier pela frente. Mas não nega que o chopp deixou uma marquinha aqui e ali.
Não foge de briga, gosta de confusão. Protege até o amigo que fez há 10 minutos, navalha e voadeira de capoeira.
Batuca na mesa, canta e desafina, arrisca uma música no violão, erra. Nunca se vangloria, sabe que a sua humildade é sua principal qualidade. Isso e o mistério dos olhos.

Na roda de samba dança devagar, miúdo  pra não se gastar. Não gosta de dançar no meio, acha coisa de moleque. Dança onde a morena bonita, que já fitou, pode ver.
Não fala muito, mas também não fala pouco, é o necessário.
Não mente. Não só porque é errado, mas porque não precisa. Se abre.
Tem atitude, mas paquera como um cavalheiro. No que um homem pode confiar além da sua postura ?
Se senta, come, fala e age como um príncipe,  e age mesmo como é. Bisavô, tataravô, eu não sei, mas todos sabem - mesmo sem ter certeza - que eles veem de uma linhagem de reis lá na distante África. Vestiam diamante, ouro e marfim, mas no Brasil vestiram o ferro dos grilhões. Mas sem rancor, sabe-se o preço que tem um coração nobre.
Nunca foi do fino trato, sempre volta pra casa um trapo, um vira-lata. Vê mais o nascer do sol do que deveria.
Pro malandro a sexta só termina no domingo a noite.

É malandro, mas não de carteirinha. Nega o título, se diz mais um, só um trabalhador. Faz bem.
Mas todo mundo sabe que no coração bate uma bateria de escola de samba, e na cabeça só tem espaço pra pensar: quando vai ser sexta de novo ?
Não vê a hora de abrir a alma pra mais sucesso.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Cacos


"E se o caso for de ir à praia eu levo essa casa numa sacola".
Por você eu venderia a minha televisão de 42 polegadas, mesmo que eu ainda deva 3 meses pra Casas Bahia.
Abandonaria minha cama e meu cobertor, dormiria debaixo de uma marquise numa esquina de uma cracolândia qualquer, mas só se for com você do lado pedindo esmola.

Não se faz amor de verdade quando não se abre mão.
Mão da sanidade, de tempo, de um pouco de si mesmo, da mais arreigada convicção.
O amor não se faz com duas pessoas inteiras, mas com cacos de dois, numa cola que resiste a qualquer "não".
Só assim parece real, não é só vaidade, não é em vão.

Por você cancelaria aquela viagem de fim de ano. Venderia meu corpo, ou alugaria.
Gastaria, se necessário, todas as poupanças. Gastaria contigo todas as minhas energias, até o fim.
Trabalharia em um cubículo de escritório por 8 horas seguidas, de segunda a sexta, e nem sequer me mataria. Que absurdo!
Esqueceria alguns dos meus ideais, mudaria alguns planos, escolheria você ao invés de mim.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Lembrança


Chega um momento em que eu penso: a imagem congelada daquele dia tem que passar,
as coisas precisam ir para uma direção menos conturbada, o coração tem que descansar de alguma forma.
Eu ainda me lembro das músicas daquele dia, me lembro do batom vermelho, da sua meia preta, do seu perfume.
Lembro principalmente do seu sorriso de "boa noite" quando eu te esperei no andar de baixo e da sensação gostosa de manteiga derretida que meu coração ficou.
Em um momento todos os meus problemas diminuíram tanto de tamanho, meu coração ficou tão leve que voou, fugiu. Deve tá aí ainda, com você.

As borboletas se multiplicavam na minha barriga, a cabeça girava à mil e tudo o que eu conseguia pensar é: esse dia perfeito vai acabar ?
Pra mim não acabou. Ainda está aqui todos os ingredientes do que foi aquela atração tão momentânea e tão duradoura, que me deixou com o sentimento de que fomos feitos para durar, para nos encaixarmos, como naquele sofá.
Ainda sou apaixonado principalmente no silêncio daquele dia, do tipo gritante, desses silêncios onde não se precisa dizer nada, o olhos já falam demais.

Me entristece que os momentos acontecem, mas nunca permanecem, parece algum tipo de sina.
E depois daqueles dias, poucos, quase nada pra quem vê de fora, não tenho mais nada pra te dizer. Só: seja feliz. Quero te ver sempre feliz, mesmo que saiba que as chances de que seja feliz comigo são pequenas.
Não te desejo muitas coisas, pelo contrário, sei que coisas não te atraem tanto assim. Se eu fosse te desejar algo é que tenha paz, de preferência paz interior. Estar bem com os outros é fácil, abre-se concessões, mas estar em paz consigo mesmo é bem mais difícil.
Não te desejo amor, porque acredito que isso pode te dar azar. Às vezes ele surge e não estamos preparados para embarcarmos. Acho que sou o exemplo mais vivo disso.
Te desejo liberdade de sentir o que queira, de poder se expressar como queira e liberdade para também ter responsabilidade sobre você mesma e sobre quem te ama, já que nem tudo que se pode, se deve fazer.
Enfim, te desejo que continue com esse brilho no olho, esse sorriso simples, esse coração aberto e cabeça leve (ou será também o contrário ?), já que isso é o maior tesouro que você pode ter. Porque é isso que congelou aquele momento, é isso que ainda me faz pensar em você quando ouço algumas músicas no meio da noite.

domingo, 14 de abril de 2013

Vou morrer 2

era pra ser uma coisa mais musical, baseada em uma poesia já existente. se alguém for doido o suficiente pra transformar isso em um hit, fica a vontade, não vou cobrar nem direitos autorais (mentira, vou sim).


eu quero saber qual vai ser o número do ônibus que vai me atropelar.
eu quero saber o dia do meu infarto, se vou ter um avc.
eu quero saber se o tiro vai ser no peito ou nas costas, se é isso que vai me matar.
eu quero saber se vou ganhar coroa de flores, se pro meu enterro eu posso convidar você.

o que vai acontecer quando a gente morrer ?
será que o mundo vai continuar, será que vão ter razão de existir ?
vai doer, será que eu vou sofrer ?
será que o mundo vai acabar, será que ainda vão ter razão pra sorrir ?

eu quero saber qual vai ser o nome do psicopata que vai entrar atirando no cinema.
eu quero saber se vou ter cirrose, leucemia, uma crise de asma, ou de ansiedade.
eu quero saber se vai ser eu ou se vai ser você o primeiro a sair de cena.
eu quero saber se vou deixar filhos, netos, dinheiro, ou se vou deixar só saudade.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Verde e Amarelo


Brasil de cores vivas, terra do rei-sol, de céu sempre azul.
De peles e toques, de línguas, de gostos e beijos. Brasil do desejo, do imaginar, de sonhos diversos.
Brasil dos sons, da alegria e do conforto do samba, dos sotaques, do "bom dia". Essa grande poesia.
Nos cinco sentidos, tu faz todo o sentido. Em todos os jeitos e trejeitos, só você é completo assim.
No meu sentimento ufanista, até, te sinto em mim, sempre.

Brasil de um sonho ainda vivo em 200 milhões de sorrisos, cada um competindo pra ser mais bonito.
Brasil de todos os cantos, tenho orgulho de ser um vira-lata como você.
Só te abandono durante tão pouco tempo que só vai servir pra sentir saudade. Ou quando morrer. Ou nem assim.
Tenho esperanças de que cada dia vais cuidar ainda mais dos seus filhos, mãe gentil.
Tenho esperanças de que sejas um braço forte e de que será sempre, para todos, um amigo.
Esperanças de que um dia serei grande e forte como você foi e sempre será, e serei isso tudo só pra te trazer orgulho.

sábado, 6 de abril de 2013

Vou morrer


o que será que vai acontecer quando a gente morrer ?
será que o tempo vai parar de contar e tudo vai acabar ? será que o mundo vai continuar ?
será que o mundo ainda vai ter razão de existir ? será que todo mundo ainda vai ter razão pra sorrir ?

eu quero saber qual vai ser o número do ônibus que vai me atropelar.
eu quero saber o dia do meu infarto, do meu avc, da minha crise de asma, sei lá.
eu quero saber se o tiro vai ser nas costas, no peito, na cabeça ou no pé.
quero saber se vou afogar na piscina ou no mar. ou num copo de cerveja.

e quando eu morrer, pra onde será que eu vou ? eu vou sofrer ?
será que vai doer ? ou vai ser uma dor daquelas gostosas, uma sensação libertadora ?
será que vou deixar herança ? ou será que meu enterro vai ser ruim, daqueles com um caixão bem vagabundo e sem coroas de homenagem da galera do condomínio ou da empresa ?
vão chorar ? ou vão pensar: "demorou" ?

eu quero saber com quantos anos eu vou ter que dar tchau, eu quero saber quantos segundos ainda me restam.
eu quero saber se você vai comigo, ou se eu vou ter que te deixar sozinha aqui quando eu tiver câncer de próstata.
ou se vai ser o contrário, é você que vai ter um câncer de ovário e eu vou ficar sozinho. se for assim, nem quero.
quando você for, quero ir contigo. de mão dadas, de abraço, de beijinho. quero ir com carinho.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Tempo


Me rebaixo a beleza que você tem em limpar feridas e em clarear caminhos.
A beleza que tens em mostrar, no fim das contas, o certo e o errado, o justo e o injusto.
Com toda essa beleza, me submeto também a ver o seu lado mais feio, quando mostra-nos o quanto somos frágeis, o quanto não somos importantes, que somos quase invisíveis na sua continuidade; e não nego que por isso sofro.
Sofro nas tentativas de te colocar em uma lógica de linearidade quando você não é nada racional, pelo contrário.
Me sinto muitas vezes muito mal agradecido pelo o que já sou. Por um lado, penso que sou muito novo para ficar infeliz e, por outro lado, penso que já sou muito velho pra não celebrar o que já fizestes por mim. Enfim, não lido bem contigo.

Me diz, tempo, o que eu faço pra que você não me atropele ? O que eu faço pra que você não escorra pelas minhas mãos ?
Como faço pra que você corra como deve correr, sem que meus medos e minhas ansiedades te derrubem e te levem pro fim, e me levem junto contigo ?
Cansei de lutar contra você. Cansei de tentar ser seu dono, quando na verdade sou uma marionete. Não posso fugir.
Porque quando luto contra você não estou lutando uma luta que possa ganhar, estou lutando contra mim mesmo, contra as memórias do passado e contra as oportunidades de futuro.

Tempo, ainda hei de te vencer.
Não com bravatas, não com a força dos punhos, não com inconsequência, não te jogando fora.
Venço quando luto contigo, e não contra você.
Te venço me juntando, te deixando me levar pelos caminhos que ache os melhores, em uma confiança cega de que é o destino que faz o meu amanhã ser melhor. Confiança essa que me dá certeza de que será.
Te venço com a força do meu sonho. Sonhando em ser eterno, te coloco ao meu lado, abro mão do que eu acho melhor e te deixo escolher por mim.
Te venço quando coloco meu nome em você, quando me deixo ser mais do que sou e luto pra me tornar o que você é, belo.
Te venço quando me prolongo no infinito.

domingo, 3 de março de 2013

Ela


Eu sou a poesia, e ela sou eu.
Sem ela, parte de mim não existe, parte de mim não faz sentido.
Sem mim, não se faz, não se expressa, não tem história;
lógica, argumentos e razões não ganham.

A poesia é o beijo na boca depois de tomar sorvete,
a poesia é o abraço depois que um amigo te pede perdão.
Poesia é assistir filme debaixo das cobertas,
poesia é o presente de aniversário de namoro.

A poesia é conhecer gente nova,
a poesia é viajar, se sentir fora do seu lugar comum.
Poesia é desconforto, é dor no fundo do peito, é frio na barriga.
Poesia é ver a banda que você gosta tocando.

Ela não mora num papel, era mora em mim, nas minhas ideias.
Ela não é meiga, ela não é sentimentalista.
Ela é sentimental. Emocional, voraz.
A poesia é amor, ódio e indiferença.Tudo.

Me diz: como tanta gente consegue viver sem você ?
No dia a dia, na pausa pro cigarro, pro café.
Como fazem quem te passa batido, não dá nem bom dia, nem um sorriso qualquer.
Desperdiçam a vida em viver metade do que deveriam ser.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Querer Bem Quisto


Eu te quero como o peão quer descanso depois de um dia de trabalho.
Eu te quero como fabiano queria chuva, como Baleia queria preá;
como o cansado quer sono, como a lágrima quer lenço de papel.
Te quero como o marujo quer ver terra-à-vista.

Te quero como o sorriso quer ser pra sempre,
quero como a tristeza arreda em não ir, de vez, embora;
te quero como a saudade me lembra, safada, que vai permanecer.
Quero, de lembranças boas, o dobro; de ruins, quero borracha.

Você quero toda, sem tirar nem por, com sujeirinha no canto da boca, pintinhas e ruguinhas;
te quero igual quero de novo aquele cochilo na rede, naquele domingo a tarde quente, na semana passada. Já mandei pro Papai Noel seu nome, na minha listinha de natal.
Do nosso amor, tão bom, quero você junto, comigo, pra sempre, quem sabe ? Eu tenho a certeza.
Do passado, não penso em querer nada, mas no futuro, você.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Pódio


Hoje considero o medo instintivo.
Ainda mais no que chamamos ultimamente de mundo, de casa,
nas nossas concepções, na nossa ideologia mais arreigada.
Transpira-se ansiedade, é visível nos olhos;
aprendemos desde pequenos: temos que ser os melhores.

Quero um mundo diferente, mais leve.
Quero tirar a pressão de ser perfeito, de ser sempre bom,
a necessidade de ser rápido, de ser objetivo,"quero ir lentamente pra não atrasar".
Já passamos por tanta coisa, me espanta as escolhas ainda não serem livres.
Os pensamentos deveriam ser fartos, deveriam triunfar sobre os preconceitos.
O amanhã deveria, desde ontem, ser cheio de esperança e não parte do desespero de ver que tudo está passando como um piscar de olhos.
Hoje somos velhos antes mesmo de sermos jovens. Hoje destruímos parte do que nem sequer tivemos tempo de construir: nossa liberdade, nossa vida.
Destruímos nossa inocência, destruímos o nosso tempo, que é precioso, mas que não é contado como deveria ser.
E nessa loucura de sermos modernos, temos medo. Até de nós mesmos e do futuro.

O amanhã aflige por não ser claro, o outro por ser diferente, e a falta de clareza e as diferenças nos atrapalham de "chegarmos logo".
Chegarmos a onde ? Em ser feliz ?
Se ser feliz é se prender, se trancar, construir muros ao redor,
se ser feliz é se sacrificar, não se conhecer, não aproveitar,
se ser feliz é o aplauso, é o reconhecimento, é ser o melhor,
prefiro não ser isso tudo, prefiro continuar sendo menos e menor pros que olham.
A consciência que eu tenho de mim vale mais a pena que uma medalha.
Me prefiro valente, meu pódio prefiro vazio.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Achado


Ela me sorriu,
e naquele sorriso eu decidi fazer meu lugar.
No brilho daqueles olhos eu encontrei a estrela-guia desse oceano.
É a porta-bandeira que me dá a beleza de sambar como mestre-sala,
seu jeito de menina tomou de assalto meu coração de malandro.

Me dê sua mão, vamos passear pelas nossas vidas como um só.
Deixa-me um pouco da sua felicidade por aqui que eu te entrego um pouco de paz por aí.
Me diga que eu sou o seu conforto nos momentos difíceis,
te digo que você é a esperança de que amanhã vai tudo melhorar.
E assim, a vida vai indo afinada, no mais belo compasso, e sem voltar atrás.

Talvez um dia na vida eu me arrependa de muitas coisas,
mas uma delas com certeza não serão aqueles momentos em que eu te disse "eu te amo",
e nem serão aqueles momentos em que eu ainda penso "pra sempre".
Porque não teria sentido guardar o melhor de mim pra se acabar em mim mesmo.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

retilíneo

não consigo andar em linha reta, não sou tão direito.
não tente me colocar em uma caixa, num padrão, não sou reto.
me alegro na inconstância, visivelmente caótico.
penso, penso e, de pensar, decido: ser o improvável.

faço minha vida em saltos de bungee jump sem corda.
sem garantias, sem futuro e, portanto, sem maiores riscos;
é meu jeito de chegar ao final e dizer: "tudo deu certo".
corro atrás de visões, vejo somente de relance, toneladas de pensamento fugaz.
escrevo meu futuro em cima de um monte de probabilidades que, de tão impossíveis, me definem.

o que eu sou, totalmente não sei, me defino pequeno.
sou a fragilidade de não ter proteção, sou o medo de ser sincero, sou um coração vagabundo.
sou carnaval, sou paixão, sou explosão. sou a risada espontânea, o plano maluco, a ideia inconsequente.
sou aquela resposta que veem depois que a discussão acabou, l'espirit des escaliers.
sou aquela palavra na ponta da língua que muitos desistem de falar.
sou aquela emoção que de tão forte parece física, sou o ímpeto de ser livre.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Bem Viver


No consolo, nos momentos mais tristes, nas alegrias mais constantes, eu já te vejo.
No sorriso de menina, nos conselhos de maturidade, eu já te espero.
Porque pra mim você é mais do que amiga, você é a irmã onde eu encontrei, nas penas e sossegos, um abrigo.

No seu sorriso eu quero descansar sempre, na sua risada eu já fiz minha vontade.
Quando eu estou com você é da felicidade simples que eu lembro.
Daquele bem querer natural, nos seus sorrisos de propaganda de margarina, é o que eu valorizo.
Dos momentos sóbrios, das viagens ébrias, minha vida já te lembra em tantos momentos.

Se eu falo que eu te amo, leva a sério. Você é o mais próximo que eu posso levar comigo pra sempre.
Porque meu coração já te espera no próximo começo, meio ou fim de semana,
eu já não penso em viver sem você, minha inspiração. O meu bem viver é contigo.

domingo, 13 de janeiro de 2013

O Amor


Conveniência, carência. Medo, preguiça.
Domínio, comodismo, esquecimento. Aprendizado, sexo.
Interesse, expectativa. Amizade, safadeza, apego. Troca.
Inveja, leviandade. Sonho, piedade. Esperança, saudade. Falta.
Obsessão, paixão, solidão, admiração, submissão, tesão. Solução, possessão. Pressão, não-saber-dizer-não.

Já vi e senti tanto esses nomes quanto tantos outros, mas verdadeiramente nenhum desses é amor.
Amor não é físico e se engana quem pensa que é mental. Amor não é a espera, mas também não é o arrepio da chegada. O amor não é o frio na barriga.
O amor é o sacrifício, é a doação, é sair do centro de si mesmo e caminhar rumo ao centro de outra pessoa. É essa disposição.

O amor é, na verdade, indefinível,  não nasce de nenhum manual. Por isso é "incondenável", não possui mácula, não há pecado quando se ama. O amor não é sentimento, é ação.
O amor é dor. É fogo, e como tal, esquenta e machuca, protege e ameaça. Tira do conforto. Por isso é eterno e, mais do que sobreviver ao tempo, sobrevive aos humores e até mesmo às pessoas.
Haja o que houver, no fundo o que deve sobrar é o amor. É o único ação que vale a pena até o fim.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Quebra-Cabeça


Respeito a sua natureza de pássaro livre, eu também sou assim. Não gosto de grades, prefiro janelas abertas.
Respeito essa sua malandragem, e ainda mais, admiro. Sorriso moleque, alma de bamba.
Mas respeite também o meu coração de carne. Sou menino, ainda choro. Aprenda desde já que eu me emociono com tudo, só de ver o mundo girar eu já emudeço.

Não quero que você mude. Sou eu que quero mudar.
Quero construir com você, conhecer suas manias, seu jeito, aprender suas gírias, suas histórias.
Se assim for, seremos um só. Carne, ossos, mentes, corações, sorrisos, dores, sonhos e conquistas.
E só vai me restar ser feliz quando eu te ter nos meus braços, porque a dor vai parecer tão inútil, irrisória, imprestável, ignorada.
Mas é agora. Agora tudo que eu preciso é do seu cafuné. "Preciso transfundir seu sangue pro meu coração que é tão vagabundo." Na solução do meu quebra-cabeça, só falta a sua peça.