quinta-feira, 27 de junho de 2013

Fome

Quem tem fome de se ver,
liga, corre, trata a saudade como se trata um inimigo mortal.
E ainda fala, no final, que não deu tempo. Pro amor, o relógio corre.

Distância não existe, porém, se o coração bate no compasso um do outro.
Que se meça em quilômetros ou em milhas, não se faz diferença.
Às vezes eu acho que a distância, pequena, do peito pra cabeça é maior que qualquer estrada.

Falo por mim: te quero, com a fome de quem quer um abraço, ou de quem quer ir além.
Te quero como se te ver amanhã fosse te ver ano que vem, como se cada dia atrasado fosse mais uma dificuldade posta, como se cada dia sem te ver fosse um sacrifício.
Te quero hoje, agora, porque hoje você já me fez falta.

sábado, 15 de junho de 2013

Novo Ano

Hoje é meu aniversário e hoje eu ganhei um presente. Eu quase morri. Calma, o presente não foi esse.
Acidente, infortúnio, alguns até podem dizer que foi sorte de não ter acontecido algo pior. Ganhei minha vida de volta.
Por mais que eu goste de estar por aqui, goste do meu dia-a-dia, da minha família, dos meus amigos, por mais que eu ache minha vida legal e importante, ela só é importante pra mim e pros que estão por perto, no plano geral ela é tão insignificante. Se eu tivesse morrido, nada mudaria no mundo. As pessoas ainda acordariam, trabalhariam, estudariam, dormiriam, viveriam; tudo que eu sou, represento, seria transformado em poeira em dias. Um dia será assim, definitivamente.
Acho que o verdadeiro presente que eu ganhei foi a consciência leve, a humildade de saber que não importa o quanto eu planeje, não importa o quanto eu ache algo ruim ou bom, minha vida não depende de mim. Sou tão fraco que uma curva de uma estrada de terra é capaz de derrubar todas as minhas estruturas.
Nada mais tenho a fazer hoje do que agradecer por ainda estar aqui, nessa madrugada tendo a oportunidade de ver mais um nascer do sol enquanto escrevo isso. O momento é triste por um lado, a adrenalina ainda está à mil. Mas também é um momento feliz, já que eu sei que amanhã, ou melhor, ainda hoje tenho capacidade de tornar tudo diferente. Afinal, hoje é o início, pra mim, de um novo ano.

sábado, 8 de junho de 2013

Deixe-se

Se deixe parecer fraco às vezes.
Pode se liberar de toda essa imagem de invencibilidade.
Faz parte do que você é, chorar, reclamar, botar a boca no mundo, espernear no canto. Seres humanos não são frios assim como você tenta ser.
Todo mundo sabe que chega uma hora em que é melhor ficar só, pensar em tudo o que aconteceu.
Chega a hora de tomar uma cerveja sozinho naquele buteco da esquina, saber que curtir a tristeza é gostoso também.
Todo mundo sabe que é bom ser feliz sozinho, pelo menos por um tempo, porque todo mundo já se deparou com essa realidade.
Você sofre, mas sofre porque é humano. Extravase, se sinta livre para ser o que quiser nesse momento. Quem te julgar é que está errado.

Depois que o sofrimento passar, e um dia vai, sorria.
Sorria largamente, como quem enxerga o mundo como uma grande piada.
Fique leve, se livre dos esteriótipos. Sua vida quem lida é você.
Não tem como colocar preço na minha personalidade, não como tem comparar o seu sentimento de ser feliz com coisa boba. Não tem como catalogar a felicidade em sentir, simplesmente, o vento no rosto.
Pense no quanto é curto o tempo em que você pode ser feliz, quanto é rápido esse sentimento de se sentir livre. A felicidade de ser feliz consigo mesmo, e isso bastar.

sábado, 1 de junho de 2013

Navalha

O que vale mais, as palavras ou o afeto ?
Palavras são navalhas, não me canso de repetir. Abrem, rasgam, são feitas pra chegar ao fundo.
Mas se fosse feito só de palavras o mundo não existiria.
Do outro lado tem que estar o coração, a calma de consolar, a ternura necessária para curar.
As palavras cortam, o carinho cicatriza.

Só quem já levou muito tapa na cara sabe a necessidade que uma palavra forte tem em certas horas.
E posso te dizer que o que me salva é ter gente do meu lado que não me esconde de mim mesmo, não me priva do prazer de me conhecer, erros e mais erros em sequência.
É de gente que não engana, que me mostra o espelho, que eu quero ficar do lado.
Pois eu sei que quem não se atenta pras críticas, se enche muito de si mesmo, tenta viver só de ternura, chega no dia em que olha, lá de cima, pra baixo e se assusta com o tamanho da escada, sem conhecer os degraus. Anda de olhos fechados.Não constrói nada que dure.
O que te faz são as cicatrizes, as memórias, o seu passado.

É de se valorizar cada crítica, cada puxão de orelha, cada momento de reflexão, de meditação.
Porque na correria se valoriza mais os elogios corriqueiros, os abraços rasos, as lágrimas forçadas, os beijos sem história.
Mas assim não se chega em lugar nenhum, isso é tudo vaidade, é como correr atrás do vento.
Importantes são os momentos em que palavras chega doem ao serem ouvidas, momentos em que a cabeça para de girar e o coração se abre. Nesses momentos são construídos os seus valores, nesses momentos é que o alicerce de qualquer coisa que você quiser construir é formado.

Depois das navalhas, aí sim, que venham os abraços sinceros, os elogios de quem realmente observa, as lágrimas de emoção verdadeira, os beijos que contam o que as pessoas são lá dentro.
Depois da dor, vem o conforto, o abrigo, o calor do aconchego de quem sabe bater, quando é mais que necessário, mas sabe ainda mais amar quando também é.