sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Azul


Colorindo essa amizade, vários tons já me passaram a cabeça.
Já entristeci no cinza de alguns dias nebulosos que surgiram.
Me alegrei por saber do verde da nossa mente.

Já me surpreendeu o vermelho, vivo. Da paixão. Do orixá.
E tem até mesmo aquela cor acobreada, da terra do cerrado, onde em você eu tudo vi.
Gosto do contraste de preto e branco no toque das nossas peles.
E até hoje sonho com a cor de mel dos seus olhos.

Mas meu amor não faço com nenhuma dessas cores. É azul, da cor de um céu sem nuvens, do céu de um dia sem chuva.
Azul plácido de um mar sem tempestade, como já cantou o tom, o djavan e o tim.
Assim é nosso amor, é de sossego, é de tranquilidade. Reconfortante.
É da leveza incomum de uma brisa paciente. Descompromissada, porém consciente.
Somos cabeças em nuvens, agora vivemos a sabor (e a cor) do vento.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Espero


Algumas coisas não são medidas em tempo, não tem como simplesmente passar ou esquecer.
Ainda me lembro.
E às vezes fico triste e me dói por saber como a vida pode ser bem confusa, e até mesmo cruel.
Quando se sente, algo insiste em fugir. Mas quando tudo está certo, tudo não parece realmente bem.

Com você eu sinto faíscas. E é isso que me faz acreditar que um dia em que você estará aqui comigo.
Ainda me lembro dos seus olhos e eu me lembro de como eu me senti.
Eu me lembro da sensação que nosso abraço, somente o nosso, tinha.
Eu me lembro do beijo.

Eu já me cansei desse samba atravessado, desse vazio que sinto quando não consigo, por muito tempo, nem um vislumbre seu.
Cansei de pensar em esquecer e tudo o que vem é a sensação boa de ter-te, pelo menos no peito.
Se tem algo que já aconteceu, foi isso. Me mudou. O que eu era antes, o que eu já tinha sentido, nada foi igual.
Eu já te incluo nos meus planos.

Na maior sinceridade eu digo que você foi uma das melhores coisas que me aconteceram.
Se foi no tempo certo, se um dia eu ainda vou me orgulhar de tudo o que fiz, não sei. Mas está sendo ótimo aprender.
Em um momento em que eu já pensava que tinha visto tudo, que pensava que não havia esperança, alguém me fez ver que sempre há algo melhor pra frente.
Você foi a surpresa que fez com que eu soubesse que há aqui dentro, ainda, um coração.

Tem um filme, provável que você conheça, que diz:
"Nós nos conhecemos no tempo errado. É isso que eu mantenho me dizendo sempre.
Talvez um dia, há anos de agora, nós nos encontraremos em um café em algum lugar de uma cidade longe daqui,
e nós poderemos tentar novamente".
Quando o dia chegar, quando tudo o que precisar acontecer finalmente passar, tomara que você ainda lembre que eu sempre vou pensar em você.
Eu não vou a lugar nenhum, eu espero.
E espero que o destino seja mais feliz dali pra frente.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Rua

Mais do que saber acadêmico, é necessário gente que saiba e que sinta os anseios que vem do povo, dos desprovidos, o anseio dos forte que, muitas vezes, não valorizamos. Não se molda seres humanos numa carteira.
Há de se ter um bom coração, doce.

A voz dos silenciados de cada esquina que percorro, é a minha voz. É essa a minha vontade de gritar, a sensação de ser um deles é a que eu, mais fortemente, sinto.
De que vale a "enciclopedicação" por si mesma se falta alma, a amplitude que é saber o que aflige o outro ?

Minha escola foi ouvir os velhos contarem a sua história, minha faculdade foi saber o que se passa pela cabeça dos pedintes, das putas, do bêbados, dos ladrões, dos sem teto.
Escrevo com orgulho no meu currículo: sou pós-graduado numa mesa de buteco, numa roda de samba, na hospitalidade de quem não tem nem pra si, doutorei na gratidão de não desprezar ninguém.

O que me tira o sono são os choros daqueles que nada tem. Minhas lágrimas são deles, e as verto por eles, somente. Eu ainda sonho em mudar o mundo.
Minha história é a deles, do seu sofrimento.
O meu livro é a rua, a minha biblioteca é o mundo.